Chico lê, vê e recomenda #22
2a onda de covid em Portugal, Muito Prazer, Meu Primeiro Disco, Linda Morena, Bots Brazucas, Fundo Eleitoral, Vanusa, Moro
Resposta linda sobre segunda onda de covid-19 em Portugal
por Adriana Matos em resposta publicada no Quora
Confissões de uma pandemia
A segunda vaga veio e surpreendentemente o papel higiénico não esgotou nas lojas de comércio. Além desse sinal claro, comprovativo de que o homo sapiens evoluiu, pouco ou nada mudou.
A segunda vaga é mais feia. O números são piores. Mais de metade do número diário de infetados que tínhamos em Abril/Maio, e um número de mortes avassalador. Não ouço as conversas pretensiosas de quem afirma que 59 mortes não são nada, que pior que isso são os milhares nos EUA. Porque cresci intelectualmente a acreditar que, em todo o caso, as pessoas não são números. E quando nascemos não nos apelidam de "dois" ou "cento e cinquenta e sete". Tu és a Maria, por exemplo, e eu sou a Adriana. Temos um valor qualitativo que nos ultrapassa. Somos a probabilidade improvável do Universo.
A máscara passou a ser uma peça de roupa. Tenho em preto, em branco, em azul. Não é um adereço, como são os brincos ou os anéis. É obrigatória, como as cuecas e as calças, ou a camisola e a t-shirt. Ganhou quase tanta legitimidade como um braço ou uma perna. Vem comigo para todo o lado. Como uma criança que mal sabe andar, já anda atrás do rabo de um gato. O gato vai à sua vida, mas tem de levar a intrometida, a maçadora, essa criatura insistente, o orgulho de alguma mamá e de algum papá.
A polícia na estrada, apeados, debaixo da chuva, mandam parar, vou ter que descer o vidro do carro, vai entrar a ventania forte que caracteriza a região do norte de Portugal, a polícia manda parar e sei já que vou ter de dizer, de explicar, vou trabalhar, vou fazer compras, não se preocupe senhor agente, não vou a nenhuma festa, não vou passear a Lisboa, não, não me vou juntar aos meus amigos no bar do costume para jogar uma partida de matraquilhos. E a isto também não posso chamar de novidade. Não é novidade conhecer o rosto do polícia que agora vejo dia sim, dia não, e que até então, nunca em toda a minha vida havia visto.
Faço compras e, no corredor dos legumes frescos e fruta, não ouço ninguém falar em faltar o stock. Já ultrapassamos esse medo. Haverá comida e bebida para todos. As mascáras são uma pechincha. Temos espanhóis que choram pelo preço das máscaras, e fazem kilómetros para as vir buscar à terra hermana. O que são 1,62 euros por 20 máscaras cirúrgicas? Muito pouco. Para os espanhóis com um rendimento mínimo superior ao nosso, não é nada.
Nesta segunda vaga, democratizamos a prevenção da doença, e isso tem sido meio caminho andado para a ultrapassarmos.
A outra metade do caminho depende da boa vontade. Do civismo. Da compreensão. Da paciência. Da maturidade. Um país, com 10,3 milhões de pessoas não tem indivíduos que possuam esse perfil completo: civismo, compreensão, alteridade, compaixão, paciência, maturidade. Temos de saber lidar com esse grupo de indivíduos. Temos de lhes dar as ferramentas para que se possam educar. Comprometer. Consciencializar. Em relação a isso, também nada mudou para mim. Continuo a encontrar pessoas que acreditam na pandemia como uma jogada de capitalistas; uma gripezinha que só mata idosos, se morreram de covid-19, eles dizem, é porque já eram muito velhinhos, no ditado cá da aldeia, "já deviam anos à terra". E nesta senda, essa gente continua, "as máscaras não protegem, antes pelo contrário, fazem mal à saúde", e, quanto aos infetados, em jeito de repúdio, como se cuspissem para o chão, eles rematam "são uma cambada de gente que não quer trabalhar!". Na segunda vaga, continuamos a tentar trazer alguma luz a essas pessoas.
De momento, a única coisa com a qual me abasteço previamente e com medo - coisa que não fiz na primeira vaga com a devida antecedência - é de livros. Porque sei que, em breve, se as circunstâncias não melhorarem, teremos que dar a volta à chave, trancar a porta, girar a maçaneta. Os correios vão atrasar-se. Eu vou ficar ao pé da caixa de correio, na janela à espreita, esperando o carteiro que chegue, com a minha encomenda, sentada, a aguardar o próximo livro. Mas fico bem.
Se há coisa que a pandemia nos ensinou, foi a esperar. A aguardar com paciência. Com a certeza de que na vida, tudo leva o seu tempo. E eu uso o meu tempo para pensar que o céu está a cair, que tenho projetos a fabricar, a crescer, a levedar, a fervilhar dentro de mim, que a pandemia tenta ocultar, e que eu, com coragem, "andando com rapidez e em força", como diria um ditador português conhecido, tento dar vida. Sem as novidades de uma pandemia que já vai na segunda onda, é só nisso que me concentro.
Na cultura.
De maneira que, na segunda vaga, a maior dificuldade tem sido e irá ser, aprender a viver sem cultura. Sem teatro, sem concertos, sem museus, sem exposições, sem cinema.
Sem cultura.
A única coisa a que não me habituei, a sociedade não se habituou, e não se sei se conseguiremos algum dia habituar.
A tormenta de viver sem arte.
Muito Prazer, Meu Primeiro Disco - Chico Buarque de Hollanda
O segundo episódio da série digital do Sesc Pinheiros, Muito Prazer, Meu Primeiro Disco, traz Chico Buarque de Hollanda falando sobre seu disco de estreia “Chico Buarque de Hollanda” (1966).
O disco, lançado em 1966, conta com 12 faixas, com sucessos como A Banda, Pedro Pedreiro e Olê Olá, que compõem seu disco de estreia, que lhe abriu portas para colaborações em trilhas musicais de filmes e peças teatrais. O compositor destaca, na entrevista, que se sentia um estudante de arquitetura gravando um disco, do qual “não se falaria 50 anos depois”.
O projeto é idealizado pelo jornalista e escritor Lucas Nobile, com curadoria dele e de Zuza Homem de Mello, musicólogo, jornalista e produtor musical, que nos deixou no último dia 04 de outubro. Além deles, esta entrevista, gravada no dia 26 de setembro, foi também conduzida pela jornalista Adriana Couto.
Muito Prazer, Meu Primeiro Disco revisita os primeiros trabalhos de grandes nomes da história da música brasileira. São álbuns de estreia que, já nesse momento inicial, se mostram relevantes e consistentes e revelam marcas da trajetória posterior do artista. Em cada episódio, um artista musical fala um pouco sobre o processo de criação e produção do disco, faixa a faixa, compartilhando ainda histórias e memórias afetivas.
Veja mais em sescsp.org.br/meuprimeirodisco
Linda Morena
Fio bacana do Pilger
Bots brazucas atuando nas eleições dos EUA
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Fundo eleitoral: a cada R$ 1 para candidatos brancos, R$ 0,08 para pretas | Congresso em Foco - link
Apesar de serem maioria nas eleições de 2020, as candidaturas negras - considerando pretos e pardos - receberam 42% menos dinheiro dos fundos Partidário e Eleitoral que os candidatos brancos. Isso quer dizer que, de um total de R$ 1,1 bilhão oriundos dos fundos públicos, candidaturas negras ficam com apenas 36% contra 63% destinados a candidatos brancos.
Os dados são retirados das declarações entregues pelos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e são compilados pela plataforma 72 horas, que faz o acompanhamento da distribuição dos recursos públicos de financiamento de campanha.
A única vez que falei com Vanusa na vida; Foi em 2009 para uma matéria sobre artistas que recentemente haviam sido voltado à mídia por virais - a cantora de "Manhãs de setembro" se queixava de estar perdendo shows depois de reaparecer involuntariamente | Pop Fantasma - link
Lembro que por alguns momentos me deu uma sensação meio estranha – na minha cabeça, Vanusa era uma cantora de MPB extremamente popular durante os anos 1970, alguém que não saía da TV, e talvez a maior ameaça ao trono de Elis Regina, por causa de suas interpretações para músicas como Paralelas, de Belchior. Naquele momento, era uma artista vivendo uma situação bastante desconfortável e injusta, com uma rede de solidariedade bem pequena.
O drama da família da primeira vítima do coronavírus no país; A diarista Rosana Urbano morreu em 12 de março, em São Paulo, mas só foi corretamente diagnosticada mais de 40 dias depois; a Covid levou ainda sua mãe e seus irmãos | O Globo - link
SÃO PAULO — No dia 11 de março, por volta das 4h, a diarista Rosana Aparecida Urbano, 57 anos, saiu de casa em uma das regiões mais pobres de São Paulo e percorreu 25 quilômetros para ver a mãe, Gertrudes, internada com pneumonia no Hospital Municipal Doutor Cármino Caricchio, no Tatuapé, um dos principais distritos da Zona Leste.
Ao receber a notícia de que a mãe, de 86 anos, estava intubada, Rosana passou mal. Diabética e hipertensa, acabou internada no mesmo local. Morreu às 19h15m da noite seguinte, 12 de março, após uma parada cardiorrespiratória. Rosana foi a primeira vítima do coronavírus no Brasil. Nos 149 dias decorridos desde então, a doença matou mais de 100 mil pessoas, na maior tragédia sanitária da História do país.
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Os abusos de Sergio Moro na Lava Jato em 12 pontos; Grampear advogados, usurpar o Supremo, auxiliar a acusação e tirar armas da defesa, prender usando notícia de jornal para obter delações. Há mais de 5 anos, o método Moro é conhecido e denunciado | GGN - link
Encontre sua Candidata | Gênero e Número - link
Foreign Twitter accounts disseminating disinformation about U.S. elections aren't unique, but it's unusual for a significant number of Brazilian Twitter accounts attempting to sow discord in a U.S. presidential election. | Christopher Bouzy - link