Chico lê, vê e recomenda #91
Conversa de botas batidas, Micromobilidade, Senhora das Folhas, Rei Carlos usando seu nariz, Manicômio de Barbacena (MG), tornando verde o deserto do Sinai...
Com atraso, segue a edição 91!
Começo esse número com uma das matérias que mais curto da imprensa nacional (na próxima edição já tenho outro causo-real-que-inspirou-artista) em mente.
De causo a canção
A canção dos Los Hermanos inspirada no fim trágico de um amor proibido, há 20 anos; Morte de casal em prédio que desabou no Centro do Rio foi eternizada pela banda carioca | O Globo - link
(o local onde ficava o Hotel Linda do Rosário)
O desabamento de um prédio de cinco andares no Centro do Rio dominou o noticiário local durante vários dias. Por volta das 14h de uma quarta-feira, 25 de setembro de 2002, há 20 anos, o edifício de número 55 da Rua do Rosário foi abaixo, dez minutos depois de um estrondoso estalo.
A maioria das pessoas que estavam no prédio, onde funcionava o simpático Hotel Linda do Rosário, fugiram após ouvir o ruído. Depois que tudo desabou, os socorristas ajudaram três pedestres que passavam diante da portaria e tiveram ferimentos leves, atingidos por detritos. Mas um casal que estava hospedado no quarto 105 não pôde ser encontrado e foi considerado desaparecido.
Enquanto os bombeiros buscavam pelo homem e a mulher entre os escombros amontoados no terreno, no dia seguinte ao desabamento, as pessoas na área não paravam de perguntar quem eram eles. O porteiro Raimundo de Mello não sabia os nomes, mas contou a repórteres que eram hóspedes assíduos. Ficavam no máximo duas horas e pagavam pelo quarto na saída.
"Eles trabalham aqui no Centro. O homem é um senhor calvo, grisalho, alto e forte. A mulher é mais baixa, morena e de cabelos compridos". Segundo Raimundo, na fatídica quarta-feira, eles chegaram por volta de meio-dia. O porteiro contou que, quando ouviu o estalo, tentou alertá-los pelo interfone e até bateu na porta do quarto, mas o casal não respondeu.
Somente três dias depois do desastre, foram encontrados os corpos do homem, um professor de 71 anos, e da mulher, uma vendedora de seguros de 48 anos. Descobriu-se, mais tarde, que ambos eram casados com outras pessoas e tinham suas respectivas famílias.
A imprensa não se prendeu aos detalhes da relação, mas, no ano seguinte, o grupo carioca Los Hermanos, lançou, em seu celebrado disco "Ventura", a canção "Conversa de botas batidas", inspirada no romance sigiloso que, aparentemente, o casal alimentava no Linda do Rosário. Veja, abaixo, como uma das estrofes da música pode ser lida como o desabafo de uma das partes do casal.
"Veja você, quando é que tudo foi desabar/ A gente corre pra se esconder/ E se amar, se amar até o fim/Sem saber que o fim já vai chegar/ Deixa o moço bater, que eu cansei da nossa fuga/ Já não vejo motivos pra um amor de tanta rugas/ Não ter o seu lugar"
Agora ouça a canção a seguir:
Mais
Micromobilidade: o momento atual precisa de integração; microbilidade é para oferecer opções de mobilidade para distâncias pequenas nas cidades, mas nem sempre caminháveis | ITDP no Caos Planejado - link
Veículos como bicicletas e patinetes elétricas (e-bikes e e-scooters) são algumas das opções de micromobilidade mais conhecidas. Nos primeiros meses da pandemia, algumas cidades forneceram acesso gratuito a bicicletas compartilhadas para os profissionais de saúde e outros trabalhadores essenciais. Outras forneceram e-bikes aos profissionais de saúde para facilitar deslocamentos seguros ao local de trabalho.
Os sistemas de micromobilidade compartilhada ofereceram às pessoas uma alternativa a ônibus lotados ou longas caminhadas, e continuaram a complementar os meios de transporte sustentáveis, especialmente na forma de conexões de primeiro e último trecho das viagens (last mile).
Áurea Martins, não-sambista por pirraça; conhecia a Áurea num show dela com a Alaíde Costa no Teatro Rival e foi bom demais | Por Pedro Alexandre Sanches para Farofafá - link
Senhora das Folhas é o primeiro álbum devotado à ancestralidade africana na carreira musical da cantora carioca Áurea Martins, atualmente com 81 anos. Nascida em Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro, Áurea se afeiçoou mais aos modos do samba-canção e da bossa nova quando trabalhava como crooner na zona sul carioca, em casas noturnas como Number One, 706, Mistura Fina e Drink (na qual dividiu ofício com Djavan, então recém-chegado de Alagoas). Temporã em relação a seus contemporâneos da chamada MPB, ganhou visibilidade primeiro em 1969, ao vencer o programa televisivo de novos talentos musicais A Grande Chance, do apresentador Flávio Cavalcanti, com Maysa e Bibi Ferreira no corpo de jurados.
Aqui uma das músicas do disco dela:
Mais links
Rei Carlos cheirando comidas; o novo monarca do Reino Unido coloca o narigão pra trabalhar a favor das fragrâncias | Bruno Aleixo no Twitter - link
Em nome da Razão; Documentário filmado em 1979 no Manicômio de Barbacena/MG revelando todos os ambientes do hospital; sobre o assunto recomendo a leitura de O Holocausto Brasileiro, da Daniela Arbex (tem filme também | YouTube - link
‘Our biggest challenge? Lack of imagination’: the scientists turning the desert green; Cientistas querem tornar verde novamente a região do Sinai, no Egito, hoje desertificada; isso pode ajudar todo o microclima do Oriente Médio (em inglês) | Steve Rose para o The Guardian - link