Segue mais uma edição do boletim!
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“Interior by the Window” por S. Vedernikov (1969) | Soviet Postcards - link
Saiba mais: Ailton Guimarães
Há pouco mais de 1 semana, o bicheiro Ailton Guimarães foi preso, acusado de ter mandado matar um pastor. Já falei dele aqui em outro boletim (não lembro da edição). Conheça mais sobre o bicheiro e como sua história na criminalidade, ainda na ditadura, reflete a criminalidade de parte das forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro (e de outros Estados) | Jornal GGN - link
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Como tenente do Exército, na metade dos anos 60, perseguiu sindicalistas e ferroviários da Baixada Fluminense, em parceria com polícias civil e militar. Ainda na PE da Vila Militar, Guimarães obtinha “ganhos substanciais ao capturar ou matar militantes revolucionários”, segundo relato do jornalista e perseguido pela ditadura, Celso Lungaretti.
“Tudo que era apreendido com os resistentes e tivesse algum valor, virava butim a ser rateado entre aqueles rapinantes. Jamais cogitavam, p. ex., devolver o dinheiro aos bancos que haviam sido expropriados pelos guerrilheiros urbanos. Numerário, veículos, armas e até objetos de uso pessoal iam sempre para a caixinha do bando. De mim, até os óculos roubaram”, trouxe Lungaretti, no relato.
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O caso de Chael gerou tamanha repercussão que, a partir daquele momento, as Forças Armadas proibiram que cada unidade de Inteligência tomasse iniciativa individual de perseguição e torturas – estas passaram a ser centralizadas. E a equipe de Ailton Guimarães foi afastada dessa função. Lungaretti narra que ao ser preso, em junho de 1970, pelo DOI-CODI do Rio, Guimarães e seu grupo estavam “desesperados com a falta de grana”, por terem sido afastados do esquema de recompensas por caças a militantes.
“Foi por isso que, em 1974, a equipe de torturadores da PE da Vila Militar envolveu-se com contrabandistas, para obter a renda adicional que tanto lhe fazia falta. O Exército acabou descobrindo e instaurando um Inquérito Policial-Militar contra soldados, cabos, sargentos e quatro oficiais, inclusive o tenente Ailton Joaquim (um dos 10 piores torturadores do período, segundo o Tortura Nunca Mais) e o capitão Aílton Guimarães Jorge.”
No esquema da zona portuára, a quadrilha apreendia mercadorias irregularidades, importadas ilegalmente, e revendia aos próprios apreendidos ou concorrentes. O grupo foi flagrado e preso pouco tempo depois, mas a ação foi arquivada por ilegalidades na investigação, como o uso de extorção e ameaças para as confissões, e os membros da quadrilha foram absolvidos.
Solto, pelo seu histórico, foi pressionado a pedir demissão do Exército em 1981. Naquele período, ele já tinha conseguido contato e confiança do bicheiro Ângelo Maria Longas, conhecido como Tio Patinhas, vizinho de cela da cadeia e um dos bicheiros mais poderosos daqueles tempos.
Assim, ingressou na exploração das bancas de jogo, rapidamente atingindo a cúpula do jogo do bicho, dividindo e dominando territórios no Rio, sendo um dos chefes em Niterói e com negócios pelo estado e no Espírito Santo. Foi acusado diversas vezes de quadrilha, bando armado, corrupção de agende público, conseguindo manobras jurídicas e escapando da condenação final.
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Fio no Twitter do historiador Luiz Antonio Simas sobre a origem do jogo do bicho | Luiz Antonio Simas - Twitter - link
O que foi o cangaço? Livro relata histórias diretamente de quem viveu o movimento; Ricardo Beliel, fotojornalista, artista e escritor carioca, recentemente lançou ‘Memórias Sangradas: vida e morte nos tempos do cangaço’. O livro entrelaça histórias de 43 personagens que vivenciaram o cangaço ao imaginário do movimento que dominou o interior do nordeste brasileiro entre os anos 1920 e 40. Cangaceiros tinham ligações íntimas com “poderosos” e forças de segurança do Nordeste. | Metrópolis - link
Osouji: programe-se para a limpeza de fim de ano tradicional dos japoneses; O princípio do osouji é preparar o ambiente de casa, trabalho, escola e áreas comuns para o encontro com o kami Toshigami-sama, a deidade do novo ano. | Coisas do Japão - link